10 novelas da concorrência que poderiam ganhar remake na Globo

06/11/2024 às 12h25

Por: Sebastião Uellington
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Victor Wagner e Taís Araújo em Xica da Silva

O sucesso de Pantanal mostrou que o público gosta de ver ou rever tramas que fizeram sucesso no passado. Aproveitando o burburinho causado pela novela da Globo, sugerimos 10 novelas da concorrência que a emissora poderia refazer.

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Confira:

Xica da Silva (1996)

Xica da Silva

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Escrita por Walcyr Carrasco sob o pseudônimo de Adamo Angel, a história da escrava que se envolve com o homem mais poderoso do Arraial do Tijuco, o contratador João Fernandes, na Minas Gerais do século 18, foi a última grande novela da Rede Manchete a ter audiência e repercussão.

De escrava a rainha, a esperta Xica da Silva (Taís Araújo) irá lutar para se manter casada com João Fernandes (Victor Wagner), que será envolvido numa armação de Violante (Drica Moraes), que nunca aceitou ter sido preterida por uma negra. Para separar o casal, a sinhá consegue acusar Xica de bruxaria, levando-a ser condenada na fogueira pela Inquisição.

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Taís tinha apenas 17 anos quando viveu a sua primeira protagonista e, apesar de todo sucesso da obra, ficou marcada pelas cenas de sexo e violência, por isso a atriz veio a público pedir um remake da cultuada novela. Segundo Taís, Xica deveria ser retratada como merece, ‘como uma mulher articuladora, muito política e bastante inteligente’ e não da forma como foi mostrada na versão da Manchete.

A Deusa Vencida (1965)

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Superprodução da TV Excelsior escrita pela inesquecível Ivani Ribeiro. Marcou a estreia da atriz Regina Duarte em novelas, assim como da saudosa Ruth de Souza (1921-2019). Porém, uma briga de egos nos bastidores quase abalou o sucesso da trama. Tarcísio Meira e Edson França disputavam o nome que deveria aparecer primeiro durante os créditos de abertura. Ao final, Edson pediu para que seu nome fosse retirado.

Trama de época passada no final do século 19, na qual Cecília (Glória Menezes) se vê obrigada a se casar com Fernando Albuquerque (Edson França), um afortunado fazendeiro, para saldar uma dívida de jogo de seu pai. Na verdade ela é apaixonada por Edmundo (Tarcísio Meira), filho de um rico comerciante, no entanto existem dois obstáculos no caminho: seu pai, que odeia a família de Cecília, e as intrigas de sua prima Malu (Regina Duarte), que escreve cartas anônimas com o intuito de destruir ambas as famílias.

Em 1980, a Rede Bandeirantes refez a trama com os artistas Elaine Cristina, Roberto Pirilo, Agnaldo Rayol e Neuci Lima vivendo os personagens Cecília, Fernando, Edmundo e Malu.

Uma boa pedida seria um remake de uma trama de época da autora para o horário ‘água com açúcar’ das 18 horas. A versão de O Profeta não conta, já que foi ambientada na década de 1950, enquanto a original foi ambientada na atualidade, em 1977.

Redenção (1966)

Original radiofônico de Raymundo Lopez, que ficou no ar durante dois anos, considerada a novela mais longa da televisão brasileira (596 capítulos). Na história, o médico Fernando (Francisco Cuoco) chega à cidade de Redenção e acaba despertando a paixão em Ângela (Miriam Mehler), Marisa (Lourdes Rocha) e Lola (Márcia Real). A trama sofre uma reviravolta quando Ângela morre e Fernando passa a ser chantageado pela perversa Marisa.

Foi uma superprodução da Excelsior da década de 1960, que fez a carreira do então jovem Francisco Cuoco deslanchar, tornando-se nas décadas seguintes um dos maiores galãs do gênero.

A trama foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1966 e mantém um tom de mistério que renderia – e muito – para o horário das seis. No entanto, obviamente, não há necessidade de ficar no ar durante tanto tempo.

Meu Rico Português (1975)

Severo Salgado Sales (Jonas Mello) é um português que, ao chegar ao Brasil, torna-se sócio de uma imobiliária de propriedade do alemão Rudolph Wolfgang (Claudio Correa e Castro). Ele é casado com Gertrude (Elizabeth Hartmann), com quem cria o filho adotivo Fritz (Odair Toledo), um menino negro encontrado numa lata de lixo. Severo acaba se envolvendo com Valquíria (Márcia Maria), mas ele esconde um segredo: ele é casado e deixou sua esposa em Portugal.

Curiosamente Geraldo Vietri, autor de inúmeros trabalhos de respeito na nossa teledramaturgia, nunca chegou a ser cogitado para ter um texto refeito até hoje. A respeito de Meu Rico Português, a novela chegou a suplantar Cuca Legal, a novela concorrente no horário das sete da Globo.

Refazer a trama seria uma ótima oportunidade de atualizar esse texto, que fala da adoção de um garoto negro criado por um casal alemão e poderia trazer boas discussões sobre racismo e cultura de outros países, como Portugal e Alemanha, coisas que Glória Perez fez com sucesso em tramas como O Clone e Caminho das Índias.

Xeque-Mate (1976)

Na década de 1930, acompanhamos a história de duas famílias: Lemos e Bastos. O viúvo banqueiro Arnaldo Lemos (Rodolfo Mayer) tem duas filhas, a avançada Nancy (Lilian Lemmertz) e a doce e dedicada Lúcia (Maria Isabel de Lisandra). Já a viúva, Carolina Bastos (Lia de Aguiar), é mãe do inconsequente Rodolfo (Edney Giovenazzi) e da jovem estudante Helena (Silvia Leblon). Por ser rejeitado por Lúcia, ele arma uma vingança contra ela, sua irmã e seu pai para deixá-los na ruína.

Conhecido por escrever inúmeras tramas para o horário das seis da Globo, Walther Negrão possui um único registro na faixa das oito na emissora: Cavalo de Aço (1973). Quando se transferiu para a Tupi, no ano seguinte após concluir Supermanoela, o autor, juntamente com o amigo Chico de Assis, escreveu novelas para o horário nobre da emissora paulista.

A obra ficou marcada pelo romance dos atores Ênio Gonçalves e Maria Isabel de Lisandra, que saiu das telas para a vida real, e pela discreta atuação de Raul Cortez em novelas, gênero no qual o ator só viria a trabalhar definitivamente na década seguinte.

Foi definido pelo colunista do portal, Nilson Xavier, como ‘um melodrama sofisticado, repleto de romantismo e paixões dilaceradas’, ideal para o horário das 18 horas.

Os Imigrantes (1981)

Primeira grande saga do autor Benedito Ruy Barbosa produzida fora da Globo e foi um sucesso para os padrões da Bandeirantes no começo da década de 1980. Na história, é possível acompanhar a trajetória dos três Antônio: o italiano De Sálvio (Rubens de Falco), o português Pereira (Othon Bastos) e o espanhol Hernandez (Altair Lima), iniciada no final do século 19, até o final dos anos 1950.

Curiosamente, a Globo, apesar de gostar da ideia, não aproveitou a sinopse e a deixou engavetada. Quando estava de saída da emissora para ir para a Bandeirantes, Benedito a pegou de volta e usou na nova casa.

No entanto, ele esteve à frente dos primeiros 200 capítulos e os demais foram concluídos por outros autores. Em 1999, o autor escreveu Terra Nostra e, em 2002, Esperança, duas sagas sobre a imigração italiana na Globo, mas talvez tenha chegado a hora de Os Imigrantes ser refeita no horário nobre do canal carioca, com uma bela redução em números de capítulos, já que a original foi a quinta novela mais longa da TV brasileira, com inacreditáveis 459 capítulos!

Carmem (1987)

Polêmica novela de Glória Perez que trouxe em seu entrecho principal o famoso pacto de Carmem (Lucélia Santos), uma mulher ambiciosa, porém desiludida no amor, com a Pombagira (Neusa Borges), que queria ficar rica e destruir a vida de Ciro, o homem que ela ama. Contudo, Carmem não pode se apaixonar por nenhum homem que aparecer em seu caminho, do contrário perderá tudo que conquistou com o pacto de sangue.

Glória Perez escreveu Carmem na Manchete por causa do seu descontentamento com a Globo, que, na época, não quis produzir Barriga de Aluguel. Entre as curiosidades deste folhetim, podemos destacar a presença da atriz Darlene Glória, que retornava à TV após ter se tornado pastora, e também a participação do apresentador Silvio Santos, pois a personagem Creuza (Bia Sion) participa do quadro Namoro da TV, que era exibido no dominical do SBT.

Seria muito interessante se a autora, que já investiu tanto em tramas passadas em países exóticos, revisitasse a sua obra, aproveitando agora o know-how da Globo. Para Gloria, que adora usar e abusar de temas polêmicos, Carmem seria um prato cheio!

As Pupilas do Senhor Reitor (1994)

Animado com o sucesso de Éramos Seis, o núcleo de dramaturgia do SBT investiu pesado no remake desta novela, baseada no romance de Júlio Dinis, adaptada por Lauro César Muniz. O folhetim mostra o triângulo amoroso entre Guida (Débora Bloch), sua meia-irmã Clara (Luciana Braga) e o médico Daniel (Eduardo Moscovis), que retorna à aldeia de Póvoa do Varzim, em Portugal. A obra trata também da relação de ambas com o Padre Antônio (Juca de Oliveira), o Senhor Reitor, que se dedicou a cuidar das duas órfãs.

A novela já havia sido produzida pelo próprio autor na Rede Record, em 1970. No SBT, ganhou uma produção requintada, mas não chegou a atingir os mesmos índices de sua antecessora, embora tenha sido amplamente divulgada pela mídia da época. A obra marcou o retorno da atriz Debora Bloch, que não atuava em novelas desde uma pequena participação em Deus Nos Acuda (1992).

Fascinação (1997)

Como “castigo” por escrever Xica da Silva em outra emissora, mesmo estando sob contrato com o SBT, Silvio Santos pediu que Walcyr Carrasco escrevesse uma novela, a fim de bater de frente com a estreia de Torre de Babel, na Globo, no mesmo dia.

O folhetim conta a simplória história de amor da jovem Clara (Regiane Alves), filha de um carroceiro, e Carlos Eduardo (Marcos Damigo), filho de uma família falida. Ambos são separados pela mãe do rapaz, Melania (Glauce Graieb), que deseja que ele se case com Berenice (Samantha Monteiro), de família rica e que pode salvar os seus da iminente miséria. Não foi um estrondoso sucesso, mas chamou a atenção do público, que, durante a fase mais violenta de Torre de Babel, se afastou da trama de Silvio de Abreu.

Fascinação marcou a estreia de Regiane Alves, Mariana Ximenes e Marcos Damigo na televisão. Uma trama de época agradável e que seria a marca autoral de Walcyr durante sua trajetória de sucessos às seis da tarde na Globo, iniciada nos anos 2000. Por ser uma novela mais dramática, valeria uma releitura com todo o requinte de produção que o belo texto merece.

Brida (1998)

No século 17, a jovem Brida (Carolina Kasting), que fugia das maldições de um bruxo, reencarna 300 anos depois numa mulher, filha de uma família rica e que está noiva de Lorens (Leonardo Vieira). Entretanto, seus passos estão sendo seguidos por Vargas (Rubens de Falco), um feiticeiro, inimigo que vai aterrorizar Brida.

Melancólica atração que marcou o fim da Rede Manchete, que na época estava afundada em dívidas e atrasos de pagamentos de seus empregados e última produção no gênero que não teve um final, uma vez que o elenco e a equipe técnica da novela entraram em greve. Sem ter o que fazer, Eloy de Carlo narrou o final da história, que teve apenas 54 capítulos.

O folhetim foi baseado no best-seller de Paulo Coelho e tem uma das premissas mais interessantes que já passou na emissora, por isso merecia uma nova visão, quem sabe com um elenco jovem e com uma atenuante nos temas mais sérios. Com uma ‘pegada’ de novela de época em duas fases e uma aposta maior na magia e no humor, seria uma atração e tanto pro começo das noites da Globo após a exibição do Vale a Pena Ver de Novo.

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