A Globo surpreendeu ao anunciar, nesta quarta (9), que a novela Olho por Olho, de João Emanuel Carneiro, será produzida no Globoplay. A trama estava prevista para substituir Pantanal no segundo semestre de 2022. No lugar dela, será produzida Travessia, de Glória Perez, que deveria vir apenas no próximo ano.

No entanto, não foi a primeira vez que a emissora mudou de ideia e fez mudanças em sua lista de novelas previstas – algumas mudaram até de faixa.

Confira 10 exemplos na lista:

Confira:

Cambalacho (1986)

A comédia de Silvio de Abreu protagonizada por Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri quase foi exibida no tradicional horário das oito em 1986.

A direção da Globo buscava uma substituta para o fenômeno Roque Santeiro (1985) e cogitou promover a trama, porém a história de Cambalacho, que só poderia ser contada por um viés cômico, era mais condizente com a faixa das sete.

Silvio, ciente da situação, rejeitou a promoção. Por fim, optaram pelo remake de Selva de Pedra, sucesso de Janete Clair exibido em 1972.

Top Model (1989)

Primeira novela do roteirista e cineasta Antônio Calmon, escrita em parceria com Walther Negrão, Top Model estava programada para substituir Vida Nova no horário das seis, em maio de 1989.

Entretanto, a emissora optou por exibir Pacto de Sangue, que estreou com todos os seus capítulos já finalizados. Top Model continuava cotada para a faixa das seis, quando Daniel Filho, então diretor da Central Globo de Produções, a promoveu para às 19 horas, “rebaixando” O Sexo dos Anjos, que estava inicialmente prevista para este horário.

Barriga de Aluguel (1990)

A Globo inicialmente pensou em exibir Barriga de Aluguel às 20 horas. No começo de 1989, a sinopse estava em discussão, praticamente aprovada para substituir O Salvador da Pátria.

Reynaldo Boury, em depoimento ao livro Biografia da Televisão Brasileira, revelou:

“Tinha tudo pronto. Elenco contratado e cidade cenográfica erguida. O planejamento era iniciar as gravações dentro de vinte dias, no máximo trinta”.

Entretanto, veio uma ordem de Boni para mudar tudo, alegando que esta não era uma trama adequada para o horário das oito, e sim para às seis. Foi quando ele sugeriu a Boury a adaptação do romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, que acabou substituindo O Salvador da Pátria.

Barriga de Aluguel só foi estrear no ano seguinte, às 18 horas, desta vez sob a batuta de Wolf Maya.

Lua Cheia de Amor (1990)

Rodolfo Bottino e Isabela Garcia

Lua Cheia de Amor estava prevista para a faixa das 18 horas, no lugar de Barriga de Aluguel, enquanto a nova novela das sete (substituindo Mico Preto) seria Perigosas Peruas, de Carlos Lombardi.

Porém, os planos mudaram: Lua Cheia de Amor, remake disfarçado de Dona Xepa, entrou no lugar de Perigosas Peruas, que foi adiada e só estreou dois anos depois.

A Viagem (1994)

Mauricio Mattar e Guilherme Fontes em A Viagem

O sucesso de Ivani Ribeiro estava programado para o horário das seis. A intenção da Globo era de “exorcizar” a malfadada Olho no Olho, história paranormal jovem de Antônio Calmon, muito criticada na época.

Contudo, a emissora optou pela história de Ivani por ela ser mais dramática, romântica e adulta, ainda que permanecesse no âmbito do sobrenatural.

Ainda assim, a Globo demorou para se decidir por ela, devido ao impasse com Vira-Lata, de Carlos Lombardi. Quando o martelo foi finalmente batido, o diretor Wolf Maya teve apenas vinte dias para colocar a novela no ar.

Meu Bem Querer (1998)

A trama escrita por Ricardo Linhares, que teve como título provisório Terra do Sol, deveria suceder Era Uma Vez no horário das seis. No entanto, após o autor entregar o primeiro bloco de capítulos, a direção aprovou o texto para a faixa das sete.

A intenção era transpor para este horário a fórmula de novelas regionalistas com doses de realismo fantástico, que na época fazia sucesso no horário das oito. Infelizmente, não deu certo.

Este foi o último trabalho do diretor de núcleo Paulo Ubiratan, que faleceu em 29 de março de 1998, aos 51 anos, vítima de um ataque cardíaco, quando a trama estava na fase de pré-produção.

No último capítulo, o elenco o homenageou com a frase:

“Esta novela foi dedicada a Paulo Ubiratan, nosso bem-querer”.

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Uga Uga (2000)

Já imaginou o índio loiro Tatuapú e sua minúscula tanga sendo exibidos no pudico horário das seis? A Globo, desgostosa com os índices das últimas tramas exibidas no horário, resolveu apostar numa comédia para segurar a audiência da faixa e chamou Carlos Lombardi para conceber uma novela que estava prevista para estrear em janeiro de 2000.

Contudo, dificuldades na escalação do elenco da atração de Lombardi fez com que a direção da emissora optasse pela sinopse escrita por Ana Maria Moretzhon, Esplendor.

Mesmo assim, Uga Uga continuava cotada para suceder Esplendor no horário, porém, como a novela de Ana Maria Moretzhon foi espichada, a trama acabou sendo a substituta de Vila Madalena na faixa das 19 horas.

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Negócio da China (2008)

Inicialmente pensada para o horário das sete, Negócio da China foi antecipada para as seis. Isso gerou uma quebra no ciclo de novelas românticas de época que habitavam a faixa desde 2005.

O objetivo era conquistar o público jovem, que havia abandonado a Globo no horário pós-Malhação, mas não deu certo.

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Velho Chico (2016)

Velho Chico

O projeto de Velho Chico estava guardado há anos e seria para uma novela da faixa das seis. Com a necessidade de realocar as ambientações do horário das nove, que vinha de tramas desastrosas como Babilônia e A Regra do Jogo, optou-se por resgatar essa trama de Benedito Ruy Barbosa, em caráter de urgência.

A Lei do Amor, de Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari, que foi protelada, acabou entrando depois de Velho Chico. Ambas decepcionaram.

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Amor de Mãe (2019)

Amor de Mãe

Estreia de Manuela Dias como autora solo de novelas, Amor de Mãe deveria vir depois de O Sétimo Guardião, em maio de 2019. No entanto, com o fracasso da trama de Aguinaldo Silva, a Globo recorreu a Walcyr Carrasco, que escreveu A Dona do Pedaço às pressas.

Dessa forma, Amor de Mãe estreou depois dessa trama, que fez sucesso, e ainda foi prejudicada pela pandemia de Covid-19.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor