Foram quatro meses de muita tensão, suspense, adrenalina, conflitos amorosos, disputas de interesse e jogos de poder. Verdades Secretas estreou no dia 8 de junho e chegou ao fim de forma triunfal em 25 de setembro de 2015, exibindo um primoroso e impactante capítulo. A trama de Walcyr Carrasco, dirigida por Mauro Mendonça Filho, foi um megassucesso de público e crítica, conseguindo uma excelente média geral de 20 pontos.

A trama será reapresentada a partir desta terça (24) na Globo. Listamos abaixo 10 motivos para ver (ou rever) a novela:

Temas polêmicos

A história abordou vários temas polêmicos, ainda mais levando em consideração o atual período, onde uma onda conservadora tem se mostrado cada vez mais presente, provocando o massacre inicial do fracasso Babilônia. A prostituição foi o foco central do folhetim, que também fez questão de tocar na ferida das drogas, além de explorar a bissexualidade, o machismo, o poder do dinheiro, o alcoolismo, o bullying, o aborto, entre outras questões delicadas.

E tudo foi mostrado de forma bastante realista, provocando todo o impacto necessário, fazendo jus ao horário mais tardio. Walcyr não teve medo de contar sua história e conseguiu fisgar o público através de um enredo repleto de reviravoltas. Todos os capítulos tiveram vários ganchos e o autor evitou qualquer tipo de enrolação ao longo destes 64 dias de muitas viradas.

Book rosa

A abordagem do submundo da moda serviu perfeitamente como pano de fundo para todo o enredo, repleto de amarras. O termo ‘Book Rosa’ – quando modelos também trabalham como garotas de programa – se popularizou e a saga de Arlete/Angel (Camila Queiroz) prendeu o telespectador, assim como o triângulo amoroso macabro (entre mãe, filha e padrasto) que se formou a partir da metade da trama.

A ambição desmedida de Fanny (Marieta Severo), a degradação de Larissa (Grazi Massafera) nas drogas, o alcoolismo de Fábia (Eva Wilma), a falta de escrúpulos de Anthony (Reynaldo Gianecchin) e a trajetória da patricinha Giovanna (Agatha Moreira) foram outras questões que ajudaram a movimentar a novela, despertando interesse.

Personagens ambíguos

Todos os personagens eram controversos e ambíguos, o que deixava a história cheia de bons meandros e reviravoltas. O slogan usado antes da estreia do folhetim – Não se iluda, tudo tem seu preço – foi perfeitamente apropriado ao conjunto do folhetim, que foi o mais ousado na história da teledramaturgia, sem qualquer tipo de exagero.

Foram inúmeras cenas de nudez (todas dentro do contexto) e momentos fortes, além de provocadores, jamais imaginados em uma novela, mesmo sendo exibida depois das 23h. O autor deixou o receio de lado e abordou várias situações com extrema competência, expondo tudo sem rodeios. As feridas foram expostas e os tabus quebrados em muitas cenas.

Cenas ousadas

As sequências de sexo protagonizadas por Alex e Angel, os momentos em que Fábia bebeu uma garrafa de álcool puro e um vidro de perfume, todo o terror de Larissa na Cracolândia – incluindo o asqueroso estupro sofrido pela mesma -, a overdose de Bruno (João Vithor Silva), o erotismo entre Anthony e o estilista Maurice (Fernando Eiras) – principalmente quando o michê sai nu do banho e derruba champanhe no ‘namorado’ -, a forte discussão entre Bruno e Alex – quando o pai faz questão de humilhar o filho, contando que sua namorada era uma garota de programa contratada por ele -, e a internação de Fábia em uma clínica de repouso, estão entre as mais ousadas e fortes da novela.

Trama central forte

Alex foi o grande ‘responsável’ por quase todas as desgraças da trama e o personagem frio, arrogante e poderoso foi bem interpretado por Rodrigo Lombardi, que ganhou seu melhor papel até então. ‘Viciado’ em garotas de programa, o poderoso homem acabou criando uma obsessão por Angel, que se apaixonou por ele assim que o conheceu – foi o primeiro cliente de Arlete, recém-iniciada na prostituição na época.

A partir desse envolvimento, a vida da menina interiorana começou a ruir. E o clima sombrio que cercava toda a história se intensificou quando Alex seduziu Carolina (Drica Moraes) e se casou com ela, para ficar perto de Angel, que havia rompido a ‘relação’, após o empresário ser acusado de um estupro que, na verdade, não ocorreu. A partir de então, a novela mergulhou em um suspense viciante que seguiu até o último capítulo.

Show de Marieta Severo

Além da trama central forte, todas as demais também funcionaram, equilibrando bem o conjunto da obra. O esquema de prostituição de luxo montado por Fanny norteou bem os primeiros meses de trama e foi maravilhoso ver Marieta Severo de volta às novelas, depois de quase 15 anos, interpretando uma personagem tão ambiciosa e sarcástica, cujo ponto fraco era sua obsessão por Anthony. A parceria da atriz com Reynaldo Gianecchini, vista primeiramente em Laços de Família, foi repetida e muito bem-sucedida.

Os dois tiveram um ótimo entrosamento, com o ator bem mais maduro profissionalmente. Ele, aliás, teve uma sintonia admirável com Eva Wilma (outra grande atriz que teve um excelente retorno aos folhetins), e a relação entre Anthony e Fábia expunha o lado mais humano do michê, que ainda protagonizou cenas quentes com Giovanna e Maurice – o ator, inclusive, teve química com Agatha Moreira e Fernando Eiras, encabeçando outras tramas paralelas que funcionaram. Destaque também para Rainer Cadete, como Visky.

Deterioração de Larissa

Toda a deterioração de Larissa provocou um verdadeiro choque no público, tanto pelas cenas pesadas da modelo se afundando cada vez mais no crack, quanto pela caracterização da atriz, que parecia mais uma morta viva, após aparecer deslumbrante nas primeiras semanas de novela. Grazi Massafera fez inúmeras sequências dificílimas e convenceu em todas, angariando merecidos elogios por sua interpretação.

Foi seu melhor papel e grande momento da carreira. Ela dificilmente terá uma outra personagem tão desgastante física e emocionalmente quanto essa. É preciso mencionar também Flávio Tolezani, intérprete do Roy, que levou Larissa para o mundo mais pesado das drogas – o primeiro foi o traficante Sam (Felipe de Carolis), que lhe fornecia cocaína.

Direção primorosa

Além de todos os pontos positivos citados, é preciso fazer uma menção especial para a direção primorosa de Mauro Mendonça Filho. O diretor ousou de todas as formas e transformou a novela em cinema da melhor qualidade. Foram muitas cenas espetaculares, com tomadas de câmera diferenciadas, e momentos de pura adrenalina e sensualidade.

Destaque para as cenas dos ensaios fotográficos e dos desfiles, que eram impecáveis. A parceria com o autor mais uma vez deu certo e foi o melhor trabalho da dupla – que também esteve junta em Gabriela e Amor à Vida, outros dois sucessos.

Trilha sonora impecável

A trilha sonora foi outro êxito e tanto. A seleção de músicas merece todos os elogios, tanto internacional quanto nacional. Criança (Marina Lima), Prumo (Tulipa Ruiz), Cego para as cores (Pato Fu), Pequena Morte (Pitty), Angel (Massive Attack) – tema de abertura, que combinou perfeitamente com o folhetim -, A Letter To Elise (The Cure), Golden Hours (Barbara Ohana), Sentimental (Los Hermanos), The Last Day ft. Skylar Grey (Moby), Rational Culture (Tim Maia), Ghost and Creatures (Telekinesis), Love Me Tender (Pato Fu), Artificial Noctume (Metric), Eu Amo Você (Céu) e Sua Estupidez (Roberto Carlos) são apenas algumas que compuseram esta excepcional ‘playlist’ (lista de canções).

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Esquenta para a segunda temporada

A grande aposta do Globoplay em 2020 foi a série As Five. Já em 2021, o serviço de streaming da Globo jogará todas as suas fichas na continuação de Verdades Secretas. Será a primeira novela produzida exclusivamente para a plataforma e terá a direção de Amor Mautner, com quem o autor trabalhou no sucesso A Dona do Pedaço, em 2019.

O teaser (vídeo acima) provocou uma ótima impressão e um clima ainda mais sombrio promete ser o protagonista da trama. Camila Queiroz segue no time como Angel, assim como Dida Camero, Rainer Cadete e Agatha Moreira. Novos nomes entram no elenco, como Romulo Estrela. Dessa forma, a reprise de Verdades Secretas será uma espécie de esquenta para a estreia.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor