Exibida entre 17 de fevereiro e 10 de outubro de 2003, Mulheres Apaixonadas foi a última grande novela de Manoel Carlos. O autor, que se equivocou com Páginas da Vida, Viver a Vida e Em Família, escreveu uma trama que foi um enorme sucesso e entrou para a galeria de grandes folhetins da teledramaturgia. A produção, recentemente exibida pelo canal Viva, agora está disponível no Globoplay, plataforma de streaming do Grupo Globo.

Confira abaixo 10 motivos para ver (ou rever) essa novela:

História envolvente

Após novelas excelentes, como História de Amor, Por Amor e Laços de Família, Maneco conseguiu emplacar uma quarta trama seguida e surpreender o telespectador através de uma obra tão boa quanto as anteriores. O folhetim apresentou uma gama de histórias repletas de dramas envolventes e ainda presenteou o público com personagens muito bem construídos. O elenco também era um dos pontos fortes. Difícil apontar algum ator que não tenha ido bem em meio a tantos grandes nomes.

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Todos os núcleos tiveram destaque

Todos os núcleos tiveram destaque, onde temas fortes e muitas vezes emocionantes permeavam os conflitos e os dramas dos personagens. Difícil esquecer o ciúme doentio de Heloísa (Giulia Gam em seu melhor papel na carreira); a bonita relação que Téo (Tony Ramos) tinha com a menina Salete (Bruna Marquezine); o alcoolismo de Santana (Vera Holtz); o romance lésbico de Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli); o preconceito de Paulinha (Ana Roberta Gualda); o agressivo psicopata Marcos (Dan Stulbach), que espancava constantemente sua mulher (Raquel – Helena Ranaldi); a virgindade de Edwiges (Carolina Dieckmann); a malícia de Gracinha (Carol Castro) e a crueldade com que Dóris (Regiane Alves) tratava seus avós (Leopoldo – Oswaldo Louzada e Flora – Carmem Silva).

Romances para os mais variados gostos

Também havia o romance proibido dos primos Luciana (Camila Pitanga) e Diogo (Rodrigo Santoro); além da diferença de idade no relacionamento de Lorena (Susana Vieira) com Expedito (Rafael Calomeni); a maldade da avó de Salete (Inês – Manoelita Lustosa); o amor platônico que a ricaça Estela (Lavínia Vlasak) sentia pelo padre Pedro (Nicola Siri); os dramas de Helena (Christiane Torloni) – que se dividida entre a sua escola e seus problemas familiares, incluindo um amor mal resolvido por César (José Mayer) -; a rebeldia de Rodrigo (Leonardo Miggiorin); o sofrimento de Hilda (Maria Padilha) ao descobrir um câncer; o caso que Silvia (Natália do Vale) tinha com o taxista marido da empregada; o amor que Carlão (Marcos Caruso) sentia pelos seus pais e suas eternas brigas com a filha Dóris; a atração que Carlinhos (Daniel Zettel) sentia pela empregada (Zilda – Roberta Rodrigues); o romance que Raquel tinha com seu aluno (Fred – Pedro Furtado); o amor que a médica Laura (Carolina Kasting) sentia pelo seu colega César; enfim, o que não faltou foi trama envolvente.

Morte de Fernanda

A novela foi marcada pelas cenas fortes e grandes interpretações. É impossível citar todas, mas é preciso destacar a morte de Fernanda (ótima Vanessa Gerbelli), que faleceu em virtude de uma bala perdida, em uma cena que entrou para a história da teledramaturgia.

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Alcoolismo de Santana e avós de Dóris

Todas as sequências envolvendo o alcoolismo de Santana também merecem ser citadas devido ao extraordinário desempenho de Vera Holtz, assim como os fortes conflitos que Dóris tinha com seus avós e com seu pai. A surra de cinto que Carlão deu na filha, para acabar de uma vez por todas com as constantes humilhações sofridas por Leopoldo e Flora, foi antológica.

Interpretação magistral de Giulia Gam

A interpretação magistral de Giulia Gam foi outro destaque que merece menção. Sua Heloísa virou uma das melhores personagens da trama graças ao desempenho da atriz, que deu um show em todas as cenas. Vale lembrar ainda o momento em que Heloísa foi ao M.A.D.A. (Mulheres que Amam Demais) fazer terapia de grupo para tentar curar o ciúme doentio que sentia pelo marido Sérgio (Marcello Antony).

Conflitos entre pais e filhos

Os conflitos que Rodrigo (Leonardo Miggiorim) tinha com seu pai César – o garoto nunca perdoou do pai, que traía a mãe, que veio a falecer – também eram ótimos e densos. A briga no velório da mãe, em meio a um forte temporal, por exemplo, foi a cena mais forte deles.

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Psicopatia de Marcos

É preciso também destacar todos os momentos do psicopata Marcos, incluindo as inesquecíveis e chocantes surras de raquete que ele dava em sua esposa. Dan Stulbach ganhou seu melhor personagem da carreira e dificilmente interpretará algum outro mais interessante que este. Vale colocar como melhor cena a que Marcos quebra, com uma raquete, todo o quarto do hotel onde está, em meio a uma ópera que ele amava escutar.

Drama de Salete

E não há como relembrar este folhetim sem citar o grande trabalho de Bruna Marquezine, que estreava na televisão na pele da sofrida Salete. A menina emocionou o Brasil e o drama daquela criança, que perdeu a mãe de forma trágica e ainda ficou sob os cuidados de uma avó cruel, envolveu o telespectador. No final, a cena onde Téo constata, através de um exame de DNA, que era o pai da garota foi emocionante. Tony Ramos, aliás, foi grandioso do início ao fim, como de costume. Seu personagem, um saxofonista íntegro e sempre solícito, foi brilhantemente interpretado por ele.

Última grande novela de Maneco

Este primoroso folhetim foi o último grande trabalho de Manoel Carlos e, coincidentemente, a última novela dirigida pelo competente Ricardo Waddington. A parceria de sucesso terminou sem maiores explicações e o autor passou a contar com Jayme Monjardim, que apesar de ótimo diretor, não teve sintonia com ele, deixando o ritmo das tramas lento demais, embora Maneco diga que ama trabalhar com Jayme. Porém, apesar da amizade e confiança presente nesta ralação profissional, os últimos resultados não ficaram nada bons, vide Páginas da Vida, Viver a Vida e Em Família. Mas claro que a responsabilidade não pode ser colocada só nas costas do diretor, já que o autor também tem culpa na queda de qualidade de suas tramas.

Mulheres Apaixonadas foi uma novela marcante e fez um merecido sucesso em 2003. Com um autor inspirado, um elenco bem escalado, personagens bem construídos e uma história que conquistou o público através de dramas intensos, a última excelente novela de Manoel Carlos deixou saudades. Pena que seu último folhetim foi uma produção tão fraca quanto Em Família. Um autor que escreveu uma obra como esta, além de tantas outras já citadas, não merecia terminar seu ciclo desta triste forma.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor