“Aposentadoria” é uma palavra que causa calafrios em profissionais de televisão, especialmente por impor a dura realidade de que, um dia, chega a hora de parar.
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A aceitação da ideia de se retirar é tão difícil que a desistência de se afastar dos holofotes se tornou comum, mesmo quando existem alternativas de vida bem mais tranquilas.
Confira 10 casos interessantes na lista:
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Galvão Bueno
O narrador esportivo mais conhecido da TV brasileira declarou, após a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, que aquela eventualmente seria a sua última no exterior, sinalizando assim que a competição seguinte, no Brasil, poderia marcar a sua despedida.
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No entanto, ele seguiu em frente, chegando até a edição de 2018, na Rússia, embora ali tenha dito que talvez não seguisse na locução.
Mas Galvão continua a ser um “vendedor de emoções”, agora deixando claro que não estipula uma data para abandonar o comando das cabines de transmissão: hoje com 71 anos, espera não só estar presente na Copa do Catar, em 2022, como também nas Olimpíadas de 2024, afinal, segundo ele, “Paris é logo ali”.
Silvio Santos
Em janeiro de 1988, o apresentador enfrentava um problema nas cordas vocais e temia perder o seu principal instrumento de trabalho.
Além disso, exames detectaram um tumor ocular, que felizmente se revelou benigno. Depois de se dedicar a cuidados com a saúde nos EUA, voltou a apresentar o Show de Calouros e outros programas.
Porém, a ideia de abandonar o palco ganhou força quando, naquele mesmo período, ingressou na política e cogitou entregar o comando da programação de domingo do SBT a Gugu Liberato (1959-2019). Os planos só foram deixados de lado em razão do impedimento de sua candidatura à Presidência da República na eleição de 1989.
Outra ameaça de sair de cena aconteceu em 2003, quando foi entrevistado pela jornalista Ana Carolina Soares, da revista Contigo, e surpreendeu ao anunciar que estava doente e tinha uma expectativa de viver apenas mais seis anos. Por isso, teria vendido o SBT à mexicana Televisa e a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni). Tudo não passou de uma brincadeira com a repórter.
Mais recentemente, em 2018, Silvio voltou a provocar, desta vez dizendo que preferia se aposentar diante da atual hegemonia da internet na comunicação.
Como se sabe, Silvio permanece na ativa aos 91 anos, mesmo temporariamente afastado das gravações em razão da pandemia de Covid-19.
Xuxa
Uma tentativa de sequestro em agosto de 1991 fez com que Xuxa Meneghel, no auge de seu sucesso na Globo, ameaçasse deixar o Brasil por questões de segurança.
O episódio incluiu um tiroteio entre policiais e os sequestradores, que também queriam raptar a então paquita Letícia Spiller.
A carreira intensificada pelo sucesso arrebatador também teve suas oscilações ao longo do tempo.
Em 2015, Xuxa se mudou para a Record, onde apresentou o Programa Xuxa Meneghel, o The Four e também o Dancing Brasil.
Tanto que, ao se despedir da emissora, em janeiro de 2021, fez a seguinte declaração:
“Nunca mais vou ter aquela vida agitada que eu tinha, pela minha idade, por tudo. A carreira sobe, a carreira diminui”.
Além disso, revelou que pensava em se mudar para a Itália. No entanto, está com planos em andamento visando um documentário sobre a sua trajetória para o Globoplay e uma série do Disney+.
Luis Gustavo
Em agosto de 1975, terminava a novela O Sheik de Ipanema, da TV Tupi. No elenco estavam, entre outros nomes, John Herbert (1929-2011), Older Cazarré (1935-1992), Laerte Morrone (1932-2005) e Luís Gustavo (1934-2021) que, diferentemente de seus colegas, teve uma péssima experiência e desejava abandonar a televisão.
“Vou tratar de outro ramo, dedicar-me à minha fazenda. Quando sentir saudade da vida artística, procurarei fazer cinema ou teatro. Televisão, desejo ficar bem longe dela”, afirmou.
Felizmente, ele mudou de ideia e seguiu a sua brilhante carreira na TV, especialmente na Globo, onde viveu personagens inesquecíveis, com destaque para o folclórico detetive Mário Fofoca, de Elas por Elas (1982), o inescrupuloso radialista Juca Pirama, de O Salvador da Pátria (1989), e o simpático empreendedor Vanderlei Mathias, o Vavá da série Sai de Baixo (1996-2002), entre outros.
Clodovil
Em tom de desabafo, o estilista Clodovil Hernandes (1937-2009) ameaçou largar a vida de apresentador em 1983, reclamando da falta de recursos que enfrentava na emissora, mas acabou revendo a decisão, migrando para a Manchete no mesmo ano.
“Perdi o encanto pela televisão. Não gosto mais. Ser reconhecido na rua pelas pessoas me gratifica muito, mas para isso eu tenho de lidar com gente vaidosa que não me interessa. Se amanhã eu deixar a Bandeirantes, abandono definitivamente a televisão”.
Com passagens por diversas emissoras, entremeadas muitas vezes por brigas e polêmicas, manteve-se na TV até 2007, quando iniciava o seu mandato de deputado federal.
Gugu
A insatisfação com mudanças que ocorriam no SBT em 1992 motivou Gugu Liberato a pensar em novos rumos para a carreira.
À época, recebeu proposta de uma emissora de Porto Rico, mas não queria se mudar para o país caribenho. Negociou com emissoras de Argentina, Venezuela e também de Miami (EUA) para comandar alguma atração em espanhol, mas nenhuma das tratativas prosperou.
Ao mesmo tempo, seu conglomerado de empresas se fortalecia cada vez mais, a tal ponto que aventou a hipótese de se dedicar mais aos negócios.
No final das contas, entrou em acordo com o SBT, renovando o contrato em 1993 para apresentar o maior sucesso de sua carreira, o Domingo Legal.
Datena
Em 2014, José Luiz Datena já projetava uma possível aposentadoria. Em uma entrevista, garantiu que iria cumprir o contrato então em vigência com a Band, válido por mais três anos.
Depois disso, pretendia ter uma vida no campo, praticando pesca no interior paulista. Também manifestou uma fadiga em relação à temática policial de seu programa (Brasil Urgente), ressaltando o desejo de conduzir algo mais leve, a exemplo de um talk show.
Mas, como se sabe, Datena continua na tela da Band, fiel ao formato que o elevou ao patamar dos profissionais mais bem pagos da televisão brasileira.
Manoel Carlos
Não são apenas os apresentadores que pensam em descansar, impactados por rotinas atribuladas. Os novelistas também sofrem.
Um dos mais consagrados em seu ramo de atuação, Manoel Carlos estava com 70 anos em 2003, quando uma de suas obras (Mulheres Apaixonadas) era exibida com sucesso na Globo. Naquele ano, ao traçar planos para o futuro, visava dedicar-se apenas a minisséries e especiais.
Mas ele não conseguiu se desvencilhar do gênero que o consagrou: depois de Páginas da Vida (2006), sinalizou que Viver a Vida (2009) provavelmente seria a sua última.
Só que Maneco resolveu adiar a aposentadoria mais uma vez ao escrever Em Família (2014), a sua derradeira – ao menos até o momento.
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Aguinaldo Silva
A televisão é apenas uma das possíveis alternativas para um escritor, que pode navegar por diversas outras áreas, da literatura ao cinema.
Essa flexibilidade era aproveitada por Aguinaldo Silva em 1998, quando celebrava o êxito de A Indomada (1997), ainda que sem esconder o cansaço.
“Quero desistir da TV, pois é muito desgastante”, confessou.
Embora naquele momento estivesse focado em projetos alternativos – um romance policial e um longa-metragem – acabou retornando às novelas nos anos seguintes.
Mesmo assim, em 2006 chegou a externar o desejo de se mudar para Portugal, ressaltando que poderia antecipar a aposentadoria se não pudesse enviar seus textos pela internet.
No entanto, isso não foi necessário. Aguinaldo segue até hoje na ativa, em que pese o seu contrato com a Globo ter se encerrado no início de 2020.
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Hebe
De 1964 a 1966 e também entre 1975 e 1979, Hebe Camargo (1929-2012) esteve afastada da televisão. Em ambos os casos, retirou-se para oferecer dedicação integral ao filho Marcello, que teve com o primeiro marido, o empresário Décio Capuano.
A diferença entre os períodos foi que, no primeiro, se afastou a pedido de Décio.
Já no segundo, teve problemas com a Tupi, onde apresentava o seu programa de entrevistas, e encerrou o seu vínculo com a emissora em 1975.
Retomou a carreira somente em 1979, na Bandeirantes. Depois disso, nunca mais se afastou dos estúdios, com destaque para a sua longa trajetória de quase 25 anos no SBT.