De fazenda a plano de saúde: 10 empresas de Silvio Santos que poucos conhecem
04/11/2021 às 4h50
Silvio Santos sempre foi um homem visionário, com um olhar aguçado para os negócios. Em 1962, criou o Grupo Silvio Santos, que cuida de inúmeras empresas do apresentador, entre elas o SBT, menina dos olhos do empresário.
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Outros empreendimentos são amplamente conhecidos, como o Baú da Felicidade, a Tele Sena e a Jequiti. Ao longo desses anos, no entanto, o Grupo entrou em vários tipos de negócios, passando por plano de saúde e até pelo agronegócio.
Listamos abaixo 10 empresas que muitos não sabem da existência:
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Plano de saúde Clam
Nos anos 1980, Silvio decidiu apostar em um plano de saúde, criando, assim o CLAM, primeiro convênio com capitalização. Porém, ele já declarou ter se arrependido do investimento.
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Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo em 1987, o empresário disse o motivo de ter entrado nessa área. “Pensei que ia ser um negócio bacana, para o povo, eu queria me realizar dando ao povo médico, hospital, saúde. Eu me empolguei”.
Silvio declarou que, no início, eram vendidos apenas 2.500 planos por mês. Após começar a falar da empresa na televisão, o número aumentou para 45 mil mensais.
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Mas houve um fato que fez o apresentador desistir do negócio. “Um dia, cheguei aqui em casa e tinha um casal esperando na porta. ‘Senhor Silvio, o meu filho morreu’. ‘Mas morreu de quê?’. ‘Eu tinha o Clam e ele morreu’. Fiquei sem saber o que falar”, explicou ao Estadão. O apresentador parou de falar sobre o plano de saúde em seus programas e vendeu a sua parte no negócio.
TV Alphaville
Pioneira na implantação da TV a cabo no Brasil, a TV Alphaville foi criada em 1992 para atender aos moradores e empresas das regiões de Alphaville, Aldeia da Serra, Tamboré, Barueri e Santana de Parnaíba, cidades localizadas na Grande São Paulo.
A empresa ainda existe, mas hoje está registrada nos nomes de Patrícia Abravanel e Guilherme Stoliar, ex-presidente do Grupo Silvio Santos, não fazendo mais parte da lista de empresas do animador.
Banco Panamericano
Em 1969, o Grupo Silvio Santos assumiu o controle acionário da Real Sul S/A, que se tornou a Baú Financeira S/A. Após duas décadas, em 1990, a empresa foi autorizada a atuar como um banco múltiplo, de nome Panamericano.
Em 2010, no entanto, foi descoberto um empréstimo de R$ 2,5 bilhões para esconder uma fraude contábil no caixa da empresa. Silvio pediu ajuda ao então presidente Lula para conseguir recursos junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Como garantia de pagamento, o Grupo colocou suas 44 empresas.
O banco foi vendido ao BTG Pactual, que assumiu a dívida, livrando Silvio Santos desse grande problema. A Caixa Econômica Federal também tem parte do negócio.
Lojas do Baú Crediário
Criado em 2007, após o fim da venda do carnê do Baú, o Baú da Felicidade Crediário foi uma rede de varejo que tinha como meta competir com as grandes empresas do setor, como Ponto Frio e Casas Bahia. As lojas ficavam localizadas no Sul e no Sudeste, em estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Em 2011, o Grupo Silvio Santos resolveu vender a empresa, que tinha 121 lojas, para o Magazine Luiza. O valor da venda foi de R$ 83 milhões. O motivo da venda foi a incapacidade de concorrer com as grandes empresas varejistas.
SOL – SBT On Line
Nos anos 1990, era possível perceber um endereço de internet nos créditos finais da programação do SBT: www.sol.com.br. SOL era a sigla de SBT On Line, o provedor de internet do Grupo Silvio Santos.
Com a chegada da web no Brasil, as empresas começaram a estudar formas de faturar com essa nova tecnologia. Naquela época, para se ter acesso à internet discada, era necessário assinar um pacote com um provedor. Em 1996, Silvio lançou o SOL, por meio de um investimento entre US$ 30 a 40 milhões.
Com a chegada de provedores gratuitos, sem a necessidade de assinatura, a empresa se tornou uma pedra no sapato e gerou um prejuízo que chegou a R$ 40 milhões. O provedor terminou em 2001 e seus assinantes foram transferidos para outras empresas do setor.
Concessionária Vimave
Um ponto marcante do Programa Silvio Santos sempre foi a distribuição de prêmios. Não importa a idade ou classe social, quem ia ao programa geralmente saía com alguma boa premiação. Do tênis Montreal à tão sonhada casa própria, o programa não deixava ninguém ir embora de mãos abanando.
A atração premiava também seus participantes com carros: somente na década de 1970, foram entregues cerca de 50 fuscas por mês. Para facilitar a compra e não depender de um revendedor, o Grupo comprou a Vila Maria Veículos (Vimave), concessionária Volkswagen que também revendia peças automotivas e ficava em São Paulo (SP).
Para atrair o público e divulgar o negócio, foi criado um comercial com os humoristas Ary Toledo e Viana Junior. Eles dirigiam por uma estrada e sempre que viam um carro quebrado, diziam: “pois é”. Esse bordão virou sinônimo de carro velho.
Posteriormente, a empresa foi vendida e o Grupo deixou o ramo automotivo.
Fazenda Tamakavy
Os negócios de Silvio Santos foram além de escritórios e lojas: o agronegócio também ajudou o Grupo a ter mais lucro. No início da década de 1970, o empresário achava que estava pagando muitos impostos e gostou dos incentivos fiscais do governo para a pecuária.
Assim, comprou 70 mil hectares no Mato Grosso, onde hoje ficam os municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia. As terras chegaram a ter 10 mil cabeças de gado.
A Agropecuária Tamakavy foi vendida para Silvio Santos pelos usineiros paulistas Orlando Ometto e Renato de Almeida Prado, beneficiados pelas políticas estaduais e federais da época da ditadura.
Silvio vendeu as terras no final dos anos 1980, para saldar dívidas do SBT. Na época, falou-se muito que o apresentador nunca foi visitar essas terras.
Lojas Tamakavy
Além da fazenda, o nome Tamakavy ficou realmente conhecido nos anos 1970 como uma rede de lojas de eletrodomésticos. O empresário chegou a ter 120 unidades da marca no Sul e no Sudeste.
Mas a fazenda veio primeiro. Em entrevista à Veja, em maio de 1975, Silvio contou que recusou várias sugestões da equipe. Achava que, se o nome era difícil de ser memorizado, seria ainda mais difícil esquecê-lo. “Eu confio muito no meu feeling”, afirmou.
As lojas, que sempre tinham comerciais nos intervalos do SBT, foram vendidas para as Casas Bahia em 1989. De acordo com analistas, a rede não foi para a frente porque não apresentava nenhum diferencial.
Liderança Capitalização
Criada em 1945, a Liderança Capitalização era responsável pela venda de títulos de capitalização, um título de crédito vendido a preços populares, que dava direito a uma série de prêmios.
O Grupo Silvio Santos adquiriu a empresa em 1975, colocando uma linguagem mais popular para o produto e usando o programa de Silvio para divulgar. Mas, mesmo com todo esse cartaz, o título de capitalização não era um grande sucesso e ainda gerava dores de cabeça para o empresário, por causa de promessas infundadas dos vendedores.
A grande sacada veio em 1991, quando foi criada a Tele Sena, que se tornou o único produto da empresa. A Liderança Capitalização é um dos negócios mais lucrativos do Grupo.
Em 2000, o Tribunal Regional Federal (TRF) correu uma ação pedindo o fim da Tele Sena, pois declarou o produto ilegal. Em uma carta aos desembargadores, o empresário disse que criou o produto para salvar o SBT da falência.
Sisan Empreendimentos Imobiliários
Empresa fundada em 1990, a Sisan foi criada para administrar os imóveis do Grupo. Em 2002, foi autorizada a funcionar como uma incorporadora e fez vários empreendimentos, como o Hotel Jequitimar, localizado no Guarujá, litoral sul de São Paulo.
Entretanto, a grande polêmica consiste entre o Grupo e o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez. A ideia de Silvio era construir três torres de 100 metros de altura ao lado do teatro, na capital paulista, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que prejudicaria sua estrutura. Muitas reuniões ocorreram, mas nenhuma das partes fez aceitou um acordo.