10 brigas feias entre artistas e autores em novelas: “Chata pra caramba”
10/02/2022 às 18h57
Muitos artistas e autores mantêm parcerias por longos anos. No entanto, o oposto também acontece: alguns trabalhos são tão traumáticos que geram atritos públicos entre os dois lados.
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Confira 10 exemplos na lista abaixo:
Tarcísio Meira x Glória Magadan em A Gata de Vison
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Uma novela mexicana nos bastidores de uma produção da Globo. Pode-se definir assim o que aconteceu ao longo das gravações de A Gata de Vison, exibida pela emissora entre 26 de junho de 1968 e 6 de janeiro de 1969.
Além de não ter feito sucesso, a trama ficou marcada por um fato inusitado: a autora, Glória Magadan (1920-2001), se apaixonou por um dos artistas do elenco, Geraldo Del Rey (1930-1993).
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O personagem do ator, Gino Falconi, inicialmente um vilão, foi crescendo e se transformando, a ponto de se tornar protagonista, papel que cabia a Bob Ferguson (Tarcísio Meira).
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O crescimento de Falconi causou efeito reverso para Ferguson: foi se descaracterizando, a ponto de ficar perdido entre ser o mocinho ou o verdadeiro vilão da novela. Tarcísio evidentemente ficou descontente e pediu para deixar a trama, sendo substituído por Milton Rodrigues.
“Um dia, ao receber os capítulos para gravar na semana seguinte, Tarcísio Meira leu e foi direto ao departamento de produção. ‘Ou grava a minha morte essa semana, ou meu personagem pega o próximo trem e não volta’. O personagem não voltou”, contou nosso colunista Nilson Xavier em seu site Teledramaturgia.
Dina Sfat x Lauro César Muniz em Os Gigantes
Após sucessos como Carinhoso, Escalada e O Casarão, Lauro César Muniz teve um forte revés na Globo entre 1979 e 1980, quando escreveu Os Gigantes para a faixa das oito da emissora.
Considerada depressiva, a trama abordou temas como doença, eutanásia, aborto, brigas familiares, processos judiciais e, no final, para completar, a protagonista se suicidou. Não tinha como dar certo.
Além disso, Dina Sfat, que vivia a protagonista, mostrou seu descontentamento público sobre a produção.
“Era uma novela mórbida, pesada, infeliz. Dina Sfat rompeu comigo. Ela chegava no estúdio, pegava o script, jogava no chão e sapateava em cima: ‘Não vou fazer essa droga de jeito nenhum’, ela gritava”, contou.
Evandro Mesquita x Ivani Ribeiro em Mulheres de Areia
Nem tudo deu certo no remake de Mulheres de Areia, em 1993. Evandro Mesquita foi afastado durante a trama por imposição da autora Ivani Ribeiro.
Seu personagem era o namorado de Tônia (Andréa Beltrão). Tratava-se de um sujeito de caráter duvidoso, quase um vilão. Porém, Ivani não gostou do tom debochado, quase cômico, que Evandro tentou imprimir em Joel, que acabou se despedindo da trama no capítulo 65.
Ao jornal O Globo de 7 de abril de 1993, Solange Castro Neves, colaboradora de Ivani, confirmou que foi a autora que determinou a saída do personagem. Ela também citou que a veterana achava que o último vértice do triângulo amoroso, formado por Virgílio (Raul Cortez) e Tônia, deveria ser interpretado por um “tipo mais velho, mais forte”.
Evandro, evidentemente, não gostou do ocorrido, ainda mais da forma como tudo ocorreu.
“Não fiquei chateado com esse episódio. Tenho confiança no meu trabalho e sei que o personagem estava fazendo sucesso porque o público me abordava nas ruas. Quando me deram o papel, me disseram que eu teria que fazer um tipo simplório e bronco. Ora, se a Ivani queria um cara mais velho, que chamasse o Cid Moreira”, disparou.
José de Abreu x Marcílio Moraes/Lauro César Muniz em Sonho Meu
Em 23 de abril de 1994, o ator José de Abreu causou polêmica ao criticar publicamente a novela Sonho Meu, que estava chegando perto do fim na Globo. Na trama, exibida atualmente pelo Viva, ele vivia o violento Geraldo.
“As telenovelas estão transformando o ator em funcionário público. Os textos são péssimos, o ritmo das gravações é infernal. Não dá mais para trabalhar assim”, declarou. Sobre a novela, disparou: “É o pior trabalho que já fiz. A trama não tem pé nem cabeça, está repleta de contradições. O próprio Geraldo é um personagem esquizofrênico. Um dia, dá porrada. No outro, chora como criança. Parece que os autores do texto não conversam entre si”.
Lauro César Muniz, que supervisionava o texto de Marcílio Moraes (foto acima), não deixou barato:
“O Zé costumava nos ligar para elogiar o personagem. Não entendo por que mudou de opinião”.
Miguel Falabella x Solange Castro Neves em A Viagem
O remake de A Viagem fez muito sucesso em 1994, mas não escapou de ter alguns perrengues nos bastidores. Um deles envolveu o ator Miguel Falabella, que vivia o personagem Raul, e a autora Solange Castro Neves, que ajudou Ivani Ribeiro a atualizar a obra.
Em entrevista à Folha de S.Paulo de 2 de outubro de 1994, Miguel Falabella, que vivia o personagem Raul, fez diversas críticas à produção, que entrava em sua reta final.
“É uma novela muito cansativa de fazer. Tem cenários demais. A ação não é concentrada”, disse o ator, que não culpou a escritora Ivani Ribeiro, mas sua ajudante, Solange de Castro Neves, de acordo com a reportagem.
“É essa moça que está adaptando. Ela coloca a gente em cenas muitas vezes, em todos os cenários, não sei para quê. Isso é uma técnica que o Cassiano [Gabus Mendes], que Deus o tenha, dominava perfeitamente. Ele sabia poupar os atores”, completou.
Solange, evidentemente, não recebeu bem as palavras do ator. Ela ainda citou que a insatisfação de Falabella se deve ao estilo de Raul, que não era cômico.
“Tem muito artista que grava muito mais cenas do que ele e nunca reclamou”, rebateu.
Andréa Beltrão x Carlos Lombardi em Vira-Lata
Em Vira-Lata, novela das sete exibida em 1996 pela Globo, Andréa Beltrão, que vivia a protagonista Helena, claramente não ficou contente com o papel e chegou a se afastar da produção por alguns capítulos.
“A Andréa Beltrão foi chata pra caramba! Nunca mais pretendo escrever ou trabalhar com ela na vida. E olha que acho a Andréa uma atriz brilhante. Ela não gostava do que estava fazendo. E parecia não gostar com quem estava contracenando”, disparou o autor Carlos Lombardi no livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
O próprio autor também declarou, em diversas entrevistas, que detesta a produção, por tudo que aconteceu, se tratando de um trabalho infeliz. Já a atriz não se manifestou sobre o fato.
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Glória Pires x Benedito Ruy Barbosa em O Rei do Gado
Dona de personagens marcantes na história da televisão brasileira, Glória Pires se deu mal quando viveu Rafaela em O Rei do Gado (1996). Apesar de não ter feito nenhum escândalo, era nítida a frustração da atriz no vídeo.
“Eu aceitei confiando plenamente em Benedito [Ruy Barbosa], porque tínhamos trabalhado em Cabocla. Houve algum problema, porque ele não desenvolveu a personagem como havia falado. É horrível quando você espera algo que não vem”, declarou em sua biografia, “40 Anos de Glória”.
“Arregacei as mangas e levei a missão até o fim, dignamente. Foi o que me restou fazer”, completou.
Antônio Calloni x Manoel Carlos em Páginas da Vida
Desgostoso com seu personagem, Gustavo, Antonio Calloni pediu para deixar o elenco de Páginas da Vida, novela produzida entre 2006 e 2007 pela Globo e que está sendo exibida pelo canal Viva.
O autor Manoel Carlos optou por matar o personagem em um acidente de carro, deixando Márcia (Helena Ranaldi) viúva.
Outros nomes do elenco dessa novela também se mostraram insatisfeitos com a trama, como Ana Paula Arósio, Leandra Leal, Buza Ferraz, Renata Sorrah e Louise Cardoso, entre outros.
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Marina Ruy Barbosa x Walcyr Carrasco em Amor à Vida
Em 2013, durante Amor à Vida, houve a polêmica envolvendo os cabelos de Marina Ruy Barbosa, que amarelou e se negou a raspar a cabeça, prejudicou a trama. O autor acabou matando a personagem Nicole.
Poucos dias depois, o autor ainda deu uma entrevista dizendo que Marina tinha se comprometido a raspar a cabeça e que ele esperava que ela cumprisse.
“Eu não tenho o que perdoar ou criticar com relação à Marina Ruy Barbosa, pois foi um desentendimento artístico e não pessoal. Se eu considerar os trabalhos que ela fez comigo anteriormente, no conjunto eu e ela saímos ganhando, pois fez lindos personagens em minhas novelas. Não encontramos depois disso, mas não restou nenhum motivo para desentendimento”, garantiu o autor ao colunista Léo Dias, em 2019.
“Uma pena que na época não tive ‘acesso’ e não pude falar diretamente com o autor. Nunca nos falamos, nem no momento em que fui chamada para a novela, durante o trabalho ou depois de tudo. Uma pena não ter tido a chance de conversar e entender o que se passava na cabeça do Walcyr. Do lado de cá, com as informações que eu tinha, de uma coisa estava certa: como atriz, não queria só o sensacionalismo. E como menina/mulher aos 17 anos, só valeria à pena se fosse para tratar da doença com muito respeito e atenção, e fazer uma ação social sobre câncer linfático”, declarou a garota sobre o tema.
Depois disso, coincidência ou não, Marina nunca mais trabalhou em novelas do autor.
Camila Queiroz x Walcyr Carrasco em Verdades Secretas 2
A mais recente treta envolvendo a Globo aconteceu no dia 17 de novembro do ano passado, quando a emissora divulgou uma dura nota. No comunicado, informou que Camila Queiroz estava fora da novela Verdades Secretas 2, que ainda estava em produção.
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A Globo disse que as gravações foram impactadas pelos rigorosos protocolos adotados durante a pandemia, e que o período de filmagens teve que ser ampliado por sete dias.
“Para assinar a extensão de contrato necessária à gravação das cenas finais da novela, Camila Queiroz quis determinar o desfecho da personagem Angel e exigiu um compromisso formal de que faria parte de uma eventual terceira temporada da obra, além de outras demandas contratuais inaceitáveis”, disparou a nota, informando, ainda, que a novela será concluída sem a participação da atriz.
Horas depois, foi a vez de Camila dar a sua versão da história, em comunicado publicado por sua assessoria.
“A atriz foi surpreendida quando recebeu as últimas cenas para gravação, momento em que percebeu que os rumos da novela seriam de fato alterados. (…) Vale ressaltar que a atriz continua cumprindo todos os seus compromissos profissionais e jamais deixaria de concluir aquilo que foi combinado. Pelo contrário, mesmo com todas as adversidades a atriz nunca se recusou a gravar, e tentou de forma persistente contornar as adversidades junto a empresa de comum acordo, o que infelizmente não foi possível’, garantiu.
Walcyr Carrasco, evidentemente, ficou muito bravo com a confusão e, segundo informações publicadas em outros sites, teria dito que, se depender dele, Camila nunca mais atua na Globo.