Quando um personagem encaixa, meio caminho para o sucesso de uma novela está pavimento. No entanto, em alguns casos, ocorre o contrário: o que seria um tipo promissor, acaba se transformando em decepção.

Listamos abaixo 10 artistas que ficaram frustrados com os papeis das novelas em que atuavam e reclamaram publicamente, causando polêmica.

Confira:

Tarcísio Meira

Conturbada novela de 1968 da Globo, A Gata de Vison perdeu seu protagonista, Tarcísio Meira, que ficou descontente com a autora Glória Magadan. Ela se apaixonou por outro ator, Geraldo Del Rey, que era o vilão da novela, e acabou mudando a personalidade dos dois personagens.

Irritado, Tarcísio pediu para ser morto na trama, sendo substituído por Milton Rodrigues. Del Rey acabou virando o mocinho da história.

Dina Sfat

Desastrosa novela das oito da Globo, Os Gigantes (1979) traumatizou Dina Sfat, que vivia a protagonista, Paloma. Inicialmente, quando a mídia negou que ela estava insatisfeita com a trama e a personagem, a resposta foi negativa.

“Não estou insatisfeita com a novela, nem com o Lauro [César Muniz]. Se a personagem é indefinida, é porque assim está previsto no roteiro da novela”, declarou ao Jornal do Brasil de 7 de outubro de 1979.

No entanto, as coisas azedaram quando a atriz rompeu publicamente com o diretor Régis Cardoso, que acabou sendo substituído por Jardel Mello. Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, o autor falou sobre o fato.

“Dina Sfat rompeu comigo. Ela chegava no estúdio, pegava o script, jogava no chão e sapateava em cima: ‘não vou fazer essa droga de jeito nenhum’, ela gritava”.

Perto do final da trama, também ao JB, a atriz entrou de vez na briga.

“Fui injuriada de várias maneiras pelo Lauro César Muniz e não é verdade que tenha pedido para fazer o papel de Paloma. Quando as coisas não dão certo, o ator serve para isso, para ser acusado”, disparou.

O autor acabou sendo demitido da emissora e foi para a Band.

Cláudio Cavalcanti

Afastado das novelas desde Hipertensão (1987), Cláudio Cavalcanti aceitou o convite de Lauro César Muniz para viver Eduardo, figura misteriosa de O Salvador da Pátria (1989). Na trama, o mau-caráter chantageia Marina (Betty Faria), mas seu personagem acaba ficando sem função na história.

“Quando me ofereceram o papel do Eduardo, achei ótimo, pois após fazer uma série de personagens bonzinhos e permanecer um tempo afastado da televisão, teria a oportunidade de fazer um mau-caráter, um homem atormentado e misterioso. Só que Eduardo acabou tão misterioso que nem eu sei coisa alguma sobre ele”, disparou o ator ao jornal O Globo de 9 de abril de 1989.

“Mas, no final, não foi nem um bom papel nem um bom personagem. Nada foi bom para o Eduardo. Não podia ser: ele passou seis meses deitado num quarto de hotel. Na verdade, o Lauro tem um grande elenco nas mãos e começou a não poder escrever para todo mundo”, disse em outra entrevista, ao jornal O Dia. Apesar das reclamações, o ator não saiu magoado e ainda dirigiu algumas cenas da produção.

Na mesma trama, Marcos Paulo e Cecil Thiré também sofreram com o pouco destaque de seus personagens.

José de Abreu

Em 23 de abril de 1994, o ator José de Abreu causou polêmica ao criticar publicamente a novela Sonho Meu, que estava chegando perto do fim na Globo. Na trama, que estreou recentemente no Viva, ele vivia o violento Geraldo. Ele declarou que estava doido para terminar as gravações e cair na estrada, com uma companhia de teatro mambembe.

“As telenovelas estão transformando o ator em funcionário público. Os textos são péssimos, o ritmo das gravações é infernal. Não dá mais para trabalhar assim”, declarou. Sobre a novela, disparou: “É o pior trabalho que já fiz. A trama não tem pé nem cabeça, está repleta de contradições. O próprio Geraldo é um personagem esquizofrênico. Um dia, dá porrada. No outro, chora como criança. Parece que os autores do texto não conversam entre si”.

Lauro César Muniz, que supervisionava o texto de Marcílio Muniz, não deixou barato.

“O Zé costumava nos ligar para elogiar o personagem. Não entendo por que mudou de opinião”.

Miguel Falabella

Intérprete de Raul no remake de A Viagem, Miguel Falabella causou um climão nos bastidores ao fazer diversas críticas à produção em entrevista à Folha de S.Paulo de 2 de outubro de 1994, quando a trama entrava na reta final.

“É uma novela muito cansativa de fazer. Tem cenários demais. A ação não é concentrada”, disse o ator, que não culpou a escritora Ivani Ribeiro, mas sua ajudante, Solange de Castro Neves, de acordo com a reportagem.

“É essa moça que está adaptando. Ela coloca a gente em cenas muitas vezes, em todos os cenários, não sei para quê. Isso é uma técnica que o Cassiano [Gabus Mendes], que Deus o tenha, dominava perfeitamente. Ele sabia poupar os atores”, completou.

Solange, evidentemente, não recebeu bem as palavras do ator. “Tem muito artista que grava muito mais cenas do que ele e nunca reclamou”, rebateu.

Ela ainda citou que a insatisfação de Falabella se deve ao estilo de Raul. “Ele queria um papel cômico, mas sabia que o papel de Raul não era assim”, enfatizou.

Ainda na matéria da Folha, o ator disse que continuaria A Viagem normalmente. “Não tenho medo de trabalho. Sou de uma família de imigrantes”, concluiu.

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Andréa Beltrão e Glória Menezes

Além de muitos problemas, Carlos Lombardi teve que conviver com a insatisfação por parte de duas estrelas da novela Vira-Lata. Andréa Beltrão, que vivia a protagonista Helena, e Glória Menezes, que dava vida à Stella, importante personagem da história.

Beltrão claramente não estava contente com o papel e chegou a se afastar por alguns capítulos.

“A Andréa Beltrão foi chata pra caramba! Nunca mais pretendo escrever ou trabalhar com ela na vida. E olha que acho a Andréa uma atriz brilhante. Ela não gostava do que estava fazendo. E parecia não gostar com quem estava contracenando”, disparou Lombardi no livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes.

Já Glória Menezes acabou deixando a produção pela metade. Personagem-chave da trama, Stella acabou sendo substituída por Laura, criada às pressas e defendida por Susana Vieira.

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Glória Pires

Dona de personagens marcantes na história da televisão brasileira, Glória Pires se deu mal quando viveu Rafaela em O Rei do Gado (1996). Apesar de não ter feito nenhum escândalo, era nítida a frustração da atriz no vídeo.

“Eu aceitei confiando plenamente em Benedito [Ruy Barbosa], porque tínhamos trabalhado em Cabocla. Houve algum problema, porque ele não desenvolveu a personagem como havia falado. É horrível quando você espera algo que não vem”, declarou em sua biografia, “40 Anos de Glória”.

“Arregacei as mangas e levei a missão até o fim, dignamente. Foi o que me restou fazer”, completou.

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Antônio Calloni

Desgostoso com seu personagem, Gustavo, Antonio Calloni pediu para deixar o elenco de Páginas da Vida, novela produzida entre 2006 e 2007 pela Globo e que está sendo exibida pelo canal Viva.

O autor Manoel Carlos optou por matar o personagem em um acidente de carro, deixando Márcia (Helena Ranaldi) viúva.

Outros nomes do elenco dessa novela também se mostraram insatisfeitos com a trama.

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Humberto Martins

Humberto Martins deixou o elenco de Verão 90, novela produzida em 2019 pela Globo. Insatisfeito com seu personagem, ele pediu afastamento da trama na metade, alegando problemas de saúde.

E não foi a primeira vez: após alguns desentendimentos, o ator deixou o elenco de Kubanacan (2003), voltando somente no final da história.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor