Os segredos da abertura de novela da Globo que afundou Brasil em mar de lama
01/08/2020 às 1h39
Sempre que surge uma crise política no Brasil – e não são poucas, muita gente se lembra da abertura de Deus nos Acuda, novela exibida em 1992 pela Globo. A vinheta, produzida por Hans Donner e sua equipe, mostrava uma festa da alta sociedade que era invadida por um mar de lama, fruto da corrupção, e chamou muito a atenção do público na época, repercutindo até no exterior.
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O País vivia um momento de turbulência quando a novela estreou, em 31 de agosto de 1992. Após denúncias de corrupção, faltava pouco para o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. O autor Silvio de Abreu aproveitou o momento para falar sobre corrupção e ética, mas ao estilo de suas tramas, recheadas de sátiras e humor, na trama estrelada por Dercy Gonçalves, Edson Celulari e Claudia Raia.
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A ideia da abertura era simples, mas não pense que foi fácil de executar. Enquanto cheques milionários são assinados, acontece uma festa com homens ricos, mulheres bonitas, bebidas e afins. A lama começa a invadir o local e rapidamente todos ficam submersos – mas sem se importar com isso. Uma chuva de dólares invade a tela e um ralo escoa carrões, barcos, iates, helicópteros e jatinhos, até levar todo o Brasil junto.
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Para fazer a produção do vídeo de pouco mais de um minuto, foi construída uma gaiola suspensa sobre uma piscina na então cidade cenográfica de Guaratiba, bairro do Rio de Janeiro onde eram gravadas as novelas globais antes da criação do Projac, atual Estúdios Globo. A sala onde acontecia a festa tinha seis metros por oito.
O chão tinha arame vazado para permitir que a lama cobrisse os convidados à medida que a gaiola, suspensa por um guindaste gigante, era mergulhada na piscina. A lama era feita de isopor ralado, tingido de preto, misturado com anilina e álcool. Os efeitos de computação gráfica aparecem na cena do ralo, que tinha o contorno do mapa do Brasil. O tanque continha água marrom, que desceu até o fundo.
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A abertura exigiu um trabalho minucioso de Hans Donner, também conhecido por outros trabalhos históricas, como do Fantástico, Roque Santeiro, Tieta e O Planeta dos Homens, entre outras.
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“Foram utilizadas cinco câmeras na gravação: três presas nas paredes do cenário, para descerem junto com ele; uma no teto, registrando a cena de cima para baixo; e outra sobre uma plataforma de isopor, que passeava entre os convidados da festa. Cada descida da gaiola na piscina durava 17 segundos e a cena só podia ser rodada uma vez ao dia, já que as roupas dos modelos tinham quer ser lavadas a cada gravação”, conta o site Memória Globo.
Em reportagem do Fantástico, Hans Donner contou que foram oito dias de gravação. Perguntado por Fátima Bernardes se surgiram imprevistos e se foi usado o jeitinho austríaco, ele brincou: “Aí eu já diria que é muito mais o jeitinho brasileiro, porque esse jeitinho se aprende aqui”.
E completou: “Eu acho que dessa vez, por tudo que acontece com a situação do País, conseguimos ser um pequeno Mike Tyson, onde acertamos pra valer”, completou, citando o ex-lutador de boxe, também em evidência na época.
Confira o resultado final: