Por que A Gata Comeu? Saiba como foram escolhidos os nomes de 5 novelas

04/09/2021 às 11h35

Por: Thell de Castro
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Um dos grandes sucessos da Globo nos anos 1980, A Gata Comeu sempre deixa dúvidas em seus fãs: por que a novela ganhou esse nome? E não é a única: outras produções também geram esse tipo de questionamento.

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Explicamos abaixo o motivo de cinco novelas terem ganho seus títulos.

Confira:

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O Bofe (1972)

Se há muitos anos a palavra bofe significa homem atraente, no início dos anos 1970 ela queria dizer justamente o contrário. De acordo com nosso colunista Nilson Xavier, em seu site Teledramaturgia, “bofe era uma gíria da época para designer homem sem jeito, desengonçado, mal arrumado e feio, exatamente a caracterização do personagem de Cláudio Marzo”.

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Dessa forma, como ele era o protagonista da trama, a novela acabou sendo intitulada como O Bofe. A trama das 22 horas, exibida entre 1972 e 1973, não foi bem-sucedida.

Jogo da Vida (1981)

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Inicialmente, a novela de Silvio de Abreu se chamaria As Quatro Marquesas, já que o dinheiro escondido que permearia a trama estaria em uma de quatro marquesas, aquelas cadeiras estofadas antigas. No entanto, a história foi alterada, com a quantia ficando dentro de cupidos de bronze. Mas o nome da produção ainda poderia ter sido outro.

“A novela se chamava As Quatro Marquesas porque, na pré-sinopse que a Janete Clair fez, o dinheiro estava escondido nas marquesas, aquela espécie de sofá. Pensei, então, em fazer estátuas de santos, a novela ia se chamar Os Santos do Pau Oco, mas a igreja ia reclamar, a imagem de Nossa Senhora andando para lá e para cá. Vamos botar outra coisa, aí inventei os cupidos e ficou Os Quatro Cupidos, mas o Boni preferiu Jogo da Vida por causa da música e assim ficou”, contou Abreu ao livro “Teletema, a História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari. A música a que o autor se refere é o tema de abertura, cantado por Ney Matogrosso, que fala sobre a vida.

Pão-Pão Beijo-Beijo (1983)

Novela de Walther Negrão exibida em 1983, Pão Pão Beijo Beijo deveria se chamar Sanduíche de Coração, mesmo título da música de abertura, do conjunto Rádio-Táxi. Outro nome pensado foi O Condomínio. No final das contas, Pão-Pão Beijo-Beijo acabou sendo imposto por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, diretor da Globo, fazendo um jogo de palavras com a expressão “pão-pão queijo-queijo”.

“Só porque uma amiga da mulher dele vendia sanduíche na praia e a abertura mostraria isso”, disse Negrão ao livro “Biografia da Televisão Brasileira”, de Flávio Ricco e José Armando Vannucci. O mais curioso é que na novela nada remetia a sanduíches naturais – a trama tinha até uma cantina italiana, o que corrobora a tese de Negrão.

A Gata Comeu (1985)

A Gata Comeu era um remake de A Barba Azul, exibida pela Tupi em 1974. Antes da estreia, a imprensa noticiou que a novela se chamaria Pancada de Amor Não Dói. Apesar de ser impróprio, o título tinha motivo, já que o casal de protagonistas Jô (Christiane Torloni) e Fábio (Nuno Leal Maia) viviam, literalmente, entre tapas e beijos.

Outros nomes, como Bateu Levou (bordão de Fábio ao revidar os tapas de Jô), Lucrécia Borja, megera que fazia seus pretendentes sofrerem, Tapas e Beijos e A Ilha foram sugeridos, mas acabou ficando A Gata Comeu mesmo.

Mas, afinal, o que seria isso, perguntou o público da época? Recorremos ao site Teledramaturgia, de nosso colunista Nilson Xavier: “A referência estava na música de Caetano Veloso gravada pelo grupo Magazine (de Kid Vinil) para a abertura: ‘Ela comeu meu coração, trincou, mordeu, mastigou, engoliu, comeu’. Jô era a gata que comia o coração de seus pretendentes. Outra interpretação pode vir da frase de apelo infantil, o gato comeu”, contou.

Araponga (1990)

Mal-sucedida tentativa da Globo de criar um novo horário de novelas, às 21h30, e frear o crescimento de Pantanal, da Manchete, Araponga trazia Tarcísio Meira como o atrapalhado detetive Aristênio Catanduva. Anos antes, o personagem trabalhava para o regime militar e tinha como codinome Araponga.

“Os agentes da época costumavam escolher nomes de animais para esconder seus nomes verdadeiros, para não serem descobertos. As arapongas (as aves) têm um canto forte, estridente, que lembra sons metálicos. São aves barulhentas, quando se imagina que o trabalho de espionagem deva ser silencioso”, explica Nilson Xavier.

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