Quanto Mais Vida, Melhor tem tudo para cair nas graças do público; entenda por que

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O que você faria se ganhasse uma segunda chance? Consertaria o erros do passado? Ou viveria como se não houvesse amanhã? A premissa de Quanto Mais Vida, Melhor!, novela do estreante Mauro Wilson e dirigida por Allan Fiterman, tem um toque lúdico e ousado para um folhetim.

A estreia, nesta segunda-feira (22/11), mostrou que a aposta do autor foi um acerto em um capítulo que apresentou os quatro protagonistas de forma competente e ainda expôs uma sincronicidade entre dramaturgia e trilha sonora pouco vista.

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O autor conseguiu apresentar os quatro protagonistas de forma dinâmica, onde ficou perceptível a característica mais marcante de cada um. O que um jogador de futebol desacreditado, uma empresária fashionista, um médico cirurgião bem-sucedido e uma dançarina de pole dance encrenqueira podem ter em comum?

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A estreia mostrou: a oportunidade de recomeçar. É em uma encruzilhada que acontece o encontro de Neném (Vladimir Brichta), Paula (Giovanna Antonelli), Guilherme (Mateus Solano) e Flávia (Valentina Herszage). Os quatro passam por uma sucessão de aborrecimentos antes de se encontrarem em um aeroporto.

O cirurgião Guilherme tem uma briga feia com a esposa Rosa (Bárbara Colen) e o filho Antônio (Matheus Abreu); a empresária Paula se vê cada vez mais encurralada pela rival, a ambiciosa Carmem (Júlia Lemmertz); o jogador Neném encara um momento difícil em sua carreira e precisa ajudar sua família financeiramente; já a dançarina Flávia escapa da prisão após uma tentativa frustrada de furto.

Encontro em avião foi forçado

A forma como o quarteto foi parar em um mesmo avião foi bem forçada. Paula se convidou para pegar uma ‘carona’ no jatinho de Guilherme, enquanto Neném só foi porque o piloto era muito fã do jogador. Já Flávia foi confundida com uma aeromoça pelo piloto. Poderiam ter trabalhado melhor o contexto.

O piloto acaba sofrendo um enfarte, o que provoca a queda do avião. Em meio ao desespero, Paula conseguiu beijar Neném e o casal promete divertidos momentos, ainda que o jogador seja apaixonado por Rose, a esposa de Guillherme – um conflito que tem tudo para render.

Após o acidente aéreo, os quatro personagens veem a Morte (a estreante A. Maia) de perto, e ela, em pessoa, lhes faz uma ressalva: um deles vai fazer sua passagem de forma definitiva em um ano. Apesar de pertencerem a universos completamente diferentes, eles vão descobrir, aos poucos, que suas vidas já estavam interligadas.

Segunda chance

Todos recebem uma segunda chance, mas a dúvida sobre quem irá morrer ‘de verdade’ se manterá até o final do enredo. O primeiro gancho da trama foi justamente eles se dando conta que morreram quando o avião caiu. Destaque para os efeitos especiais muito bem realizados.

Aliás, é impossível não comentar a quantidade de coincidências do acidente da ficção com o sofrido pela equipe de Marília Mendonça há menos de um mês. A única diferença foi a ausência de um co-piloto. Porque no resto foi tudo idêntico. Inevitável não ter lembrado da morte da cantora e de seus amigos na hora da cena.

Mas a equipe da novela não tem culpa. Tudo foi gravado há mais de um ano e a possibilidade de alteração era nula. Foi apenas o retrato de uma infeliz coincidência. E o clima da trama ter se mantido leve, ainda assim, apenas comprovou como acertaram na forma de contar a história.

Referências pop

É preciso até citar as referências pop do enredo, o que deixou o conjunto mais divertido. Logo no começo, através do logo da Globo crescendo na tela, ficou visível a homenagem aos filmes do Harry Potter. O visual de Flávia na primeira cena era claramente inspirado em Natalie Portman, do filme Closer, de 2004, quando a atriz também tinha 23 anos, a idade de Valentina.

As duas sequências na piscina tiveram como inspiração o prestigiado longa A Forma da Água, de 2017. E a entrada de Paula foi como se o telespectador visse a filha da Miranda Priestly (Meryl Streep), do fenômeno O Diabo Veste Prada (2006).

Vale uma menção especial ao trabalho irretocável da abertura, diferenciada, após tantos formatos repetitivos que os últimos folhetins das sete apresentaram com uma colagem de imagens coloridas e chamativas que pouco tinham a ver com o enredo contado. Houve uma preocupação em apresentar o roteiro através da abertura.

É perceptível a descrição de cada protagonista até mesmo no título. ‘Quanto’ representa o Guilherme, ‘Mais’ a Paula, ‘Vida’ a Flávia e ‘Melhor’ o Neném. A criatividade está presente do começo ao fim. E tudo ao som de um mashup da 5ª Sinfonia de Beethoven, com um instrumental que vai mudando de acordo com o personagem. A abertura também tem um quê de Alice no País das Maravilhas.

Receita infalível

Embora ainda esteja apenas no início, já é possível apostar que Giovanna Antonelli será um dos trunfos da trama. Paula é aquela personagem elétrica e egocêntrica que cai como uma luva para a atriz. Sua química com Vladimir Brichta funciona. Também promete despertar interesse o processo de ‘redenção’ do pragmático e controlador Guilherme.

A complexidade de Flávia, sempre na linha tênue entre a integridade e a canalhice, é outro acerto. Já alguns perfis secundários também têm tudo para um bom destaque, como Celina, mãe aparentemente nada gentil de Guilherme, vivida pela maravilhosa Ana Lucia Torre. Seus embates com a empregada, Deusa (Evelyn de Castro), têm futuro.

Quanto Mais Vida, Melhor! apresentou uma estreia divertida, original e leve. Criada e escrita por Wauro Wilson, com Marcelo Gonçalves, Mariana Torres e Rodrigo Salomão, com direção artística de Allan Fiterman direção geral de Pedro Brenelli e direção de Ana Paula Guimarães, Natalia Warth, Dayse Amaral e Bernardo Sá, a novela tem boas chances de cair nas graças do público, pois reúne todos os ingredientes de uma boa trama das sete.

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