Estrela dos anos 80 não revelou estado terminal: “Guardamos segredo”
06/11/2024 às 12h25
Impossível falar sobre TV e cinema nos anos 1980 sem mencionar Carla Camurati, um dos rostos mais conhecidos e festejados da época. A atriz, nascida no Rio de Janeiro em 14 de outubro de 1960, também é nome importante na retomada do cinema, onde atua como roteirista, produtora e diretora.
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Carla começou a trabalhar cedo. De família de classe média da Zona Sul do Rio de Janeiro, ela foi professora e vendedora. Aos 20 anos, deixou a faculdade de Biologia após entrar para um curso de teatro ministrado pelo ator Buza Ferraz. Em 1981, o primeiro filme: O Olho Mágico do Amor.
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A atuação no longa-metragem rendeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Cinema de Gramado. Na sequência, encabeçou produções como Onda Nova (1983), A Estrela Nua (1984), Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez (1985), Cidade Oculta (1986) e Eternamente Pagu (1987) e O Corpo (1991).
Destaque na TV
Em paralelo aos trabalhos no cinema, Carla Camurati seguiu em trajetória ascendente na televisão. Após uma participação na série Amizade Colorida (1981), emplacou sua primeira novela: Brilhante (1981), às 20h – mesmo horário de Sol de Verão (1982) e Champagne (1983).
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Em 1984, foi convocada para Livre Para Voar, às 18h. A protagonista Bebel rendeu o chamado para a minissérie O Tempo e o Vento (1985). Depois, voltou ao primeiro horário de novelas da Globo com Fera Radical (1988) e Pacto de Sangue (1989).
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Carla transferiu-se para o SBT em 1990, atuando na novela Brasileiras e Brasileiros (1990) e no seriado Grande Pai (1991). Ela deixou de marcar presença no veículo após gravar alguns episódios do Você Decide (1992).
Em 1987, por incentivo do então marido Paulo José, Camurati realizou o primeiro curta-metragem como diretora. Além de A Mulher Fatal Procura o Homem Ideal, ela dirigiu Bastidores (1990).
O cinema como prioridade
Em 1995, Carla Camurati dirigiu o filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, estrelado por Marieta Severo e Marco Nanini. A produção marcou a retomada do cinema nacional, tornando-se também a primeira da década em questão a ultrapassar 1,5 milhão de espectadores – com distribuição totalmente independente liderada pela própria artista.
Carla também capitaneou os trabalhos de La Serva Padrona (1998), Copacabana (2001), Irma Vap – O Retorno (2006) e 8 Presidentes 1 Juramento – A História de Um Tempo Presente (2021).
Em 2007, ela assumiu a presidência da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, comandando a reforma do espaço, que durou mais de 850 dias. A trajetória como diretora de teatro, aliás, também é repleta de êxitos.
Amor e companheirismo
Além de Paulo José, Carla Camurati namorou o cantor Zé Renato. Seu relacionamento mais famoso, contudo, foi com o ator Thales Pan Chacon – colega de cena em Fera Radical, inclusive. Os dois ficaram juntos entre 1986 e 1992, período no qual Thales já lidava com o vírus HIV.
Em sua biografia, lançada pela Coleção Aplauso, a artista falou sobre a união com Pan Chacon:
“Ele já estava com Aids, mas guardamos o segredo entre nós, tamanho era o estigma da doença na época. As pessoas tinham que se esconder como se fossem ratos disseminadores de uma praga”.
Na mesma publicação, a atriz revelou que, por guardar segredo sobre o estado de saúde do companheiro, sua expressão corporal acabou prejudicada:
“Aquele segredo, aliás, ficou trancado dentro de mim, mas visível no corpo a ponto de ser notado pelo meu terapeuta de bioenergética. Ele um dia me questionou sobre algo que eu recusava a expor. Como eu continuava fechada, ele propôs um exercício corporal que me provocou uma crise de choro por horas a fio. Já em casa, à noite, eu chegava a rir de tanto que chorava. Mas nunca abri a boca sobre o assunto”.
O ator morreu em 2 de outubro de 1997, aos 40 anos, após participar, com extrema dificuldade, da novela Os Ossos do Barão, do SBT.
Volta à telinha?
Em 2000, Carla Camurati assumiu relacionamento com o cineasta João Jardim, pai do seu único filho, Antônio Camurati Jardim, nascido em 2003. Os dois se separaram em 2014.
Cinco anos depois, a atriz e diretora foi homenageada no Festival de Gramado como musa da liderança na retomada do cinema nacional. Atualmente, ela se encontra envolvida na direção de um documentário que vai abordar o papel das mulheres dentro de cinco religiões: hinduísmo, judaísmo, cristianismo, budismo e islamismo. Camurati também está envolvida na finalização de Histórias do Tempo Presente.
Em entrevista ao Correio Braziliense, em 20 de agosto de 2019, ela afirmou que nunca abandonou a atuação e ressaltou que não descarta voltar para a frente das câmeras:
“Nunca abandonei a carreira de atriz, não disse: ‘Não quero mais ser atriz’. Na TV, há uma forma em que você é enquadrado. Precisava sair da forma de boazinha, aquilo me incomodava, ter o mesmo personagem na mão. Precisava falar de alguns assuntos, por isso precisava dirigir. Voltaria a atuar, sem o menor problema. Só ainda não achei personagens bacanas de serem feitos”.