Insatisfeita com os resultados de Renascer, a Globo já jogou a toalha e apenas espera a novela de Bruno Luperi chegar ao fim. Prova disso é que o canal já está divulgando Mania de Você, sua substituta, mesmo faltando mais de dois meses para a estreia.

Marcos Palmeira como José Inocêncio em Renascer
Marcos Palmeira como José Inocêncio em Renascer

Mas não é a primeira vez que a emissora enterra uma novela viva. No passado, o canal também já “cozinhou” folhetins que não atenderam às suas expectativas, apostando suas fichas na história seguinte.

Relembre três produções que passaram pela mesma situação:

Babilônia

Escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, Babilônia (2015) estreou com a expectativa lá em cima. A promessa era fazer um embate de vilãs, vividas pelas estrelas Gloria Pires e Adriana Esteves. Mas o duelo de Beatriz e Inês não empolgou como o esperado.

A história principal perdeu fôlego rapidamente. Além disso, houve rejeição às personagens lésbicas Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg), e também ao excesso de violência e de maldades. Com isso, a Globo fez um grande esforço para salvar a trama.

Segredos foram antecipados, perfis de personagens foram totalmente alterados e até Silvio de Abreu entrou na jogada, reescrevendo cinco capítulos. Mas nada adiantou e Babilônia virou uma colcha de retalhos mal costurada. A audiência caiu ainda mais e a Globo desistiu, concentrando seus esforços na sucessora A Regra do Jogo – que também não emplacou…

A Lei do Amor

Cláudia Abreu e Reynaldo Gianecchini - A Lei do Amor
Cláudia Abreu e Reynaldo Gianecchini em A Lei do Amor (Divulgação / Globo)

Depois das festejadas Ti Ti Ti (2010) e Sangue Bom (2013) na faixa das sete, a dupla Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari chegava ao horário mais nobre da Globo com a aguardada A Lei do Amor (2016). Porém, a novela nem de longe repetiu o êxito dos trabalhos anteriores.

Pra começar, A Lei do Amor foi concebida como uma novela das onze, e precisou ser adaptada ao horário das 21h. Depois, ela foi adiada quando Velho Chico (2016) furou fila e foi escolhida como substituta de A Regra do Jogo. Tudo isso já modificou a novela ainda antes de ela estrear.

Quando entrou no ar, A Lei do Amor revelou-se uma decepção. A história não empolgou e os autores foram obrigados a fazer inúmeras concessões – entre elas, abrir mão de vários personagens, já que o elenco numeroso foi apontado como um dos problemas da novela. Mas nada resolveu e a Globo desistiu da história.

Um Lugar ao Sol

Um Lugar ao Sol (2021) era outra novela que gerou expectativa entre os fãs, já que marcava a chegada de Lícia Manzo às 21h após as bem-sucedidas A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015) às 18h. Mas essa festa acabou virando um enterro.

A trama já estava sendo gravada quando chegou a pandemia da Covid-19, interrompendo os trabalhos e adiando a estreia. A novela estreou quase dois anos depois do previsto e totalmente gravada. Além disso, a Globo já tinha anunciado que faria o remake de Pantanal ainda antes da estreia de Um Lugar ao Sol.

Assim, todos os esforços foram concentrados na trama de Benedito Ruy Barbosa, transformando Um Lugar ao Sol numa espécie de tapa-buracos. Mesmo com os baixos índices de audiência, a Globo não relançou a novela e até prejudicou sua narrativa, ao ter que ampliar sua duração na edição para dar mais tempo para a produção de Pantanal.

Tudo isso colaborou para afundar a história dos gêmeos Christian e Renato, vividos por Cauã Reymond.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor